Monitor da Imprensa – Observatório da Imprensa – 17/12/2013 na edição 777
Tradução de Rodrigo Neves, edição de Leticia Nunes. Informações de Mike Isaak [“Facebook Wants to Be a Newspaper. Facebook Users Have Their Own Ideas.”,All Things Digital, 10/11/13]
A maior parte das pessoas vê o Facebook como uma rede social para compartilhar fotos de seus filhos, memes ou vídeos de gatos. Mas não é assim que Mark Zuckerberg vê o site que criou. Para ele, o Facebook deveria ser “o melhor jornal personalizado do mundo”, capaz de selecionar as fotos e histórias de melhor qualidade. Essa diferença de pontos de vista está cada vez mais clara, inclusive com a rejeição do público às reformas feitas no site. Resta saber que versão da rede social prevalecerá.
Nos últimos dois anos, o CEO Mark Zuckerberg e o vice-presidente de produto, Chris Cox, lideraram uma campanha por um feed de notícias ideal: o Facebook seria parte do ritual matutino das pessoas, algo que você abriria e leria do mesmo jeito que faria com um jornal. O objetivo é tornar a experiência no site em algo “útil”, oferecendo conteúdo de alta qualidade para pessoas ao redor do mundo em um pacote bem formatado. É um retrato idílico do Facebook, mas que não condiz com a realidade.
Um exemplo foi a reforma no feed de notícias introduzida em março deste ano. Notícias, histórias e fotos passaram a tomar maior lugar na tela. No entanto, nos testes com uma pequena porcentagem dos usuários, o engajamento com o novo design foi pequeno. Tão pequeno que a maioria dos usuários não irá receber esta reforma em seus feeds.
Em vez disso, a empresa voltou ao planejamento de um novo feed de notícias, utilizando a experiência com a reforma fracassada para criar uma versão melhorada. Quando os usuários experimentarem o novo design, verão uma reforma bem menos drástica, incorporando somente algumas modificações.
Vídeos de gatos
Apesar disso, ao que parece, os usuários da rede social parecem curtir e compartilhar o oposto do que querem Cox e Zuckerberg: artigos, fotos e memes publicados por sites como Buzzfeed, Upworthy ou 9gag. O resultado após tantos compartilhamentos é uma versão tabloide do feed de notícias, onde vídeos de filhotes de gatos se saem muito melhor do que reportagens investigativas.
Isso não é algo necessariamente ruim. O conteúdo viral dentro do Facebook significa usuários participativos e satisfeitos. E usuários felizes significam uma rede social feliz. Exceto, talvez, para Cox e Zuckerberg. Cox, especialmente, possui problemas com o Buzzfeed, segundo diversas fontes. Apesar das duas empresas terem formado uma forte parceria, Cox não quer que o Facebook se transforme em uma espécie de Buzzfeed.
Sua equipe já deteve a implementação de diversos produtos que certamente iriam se tornar muito populares no Facebook, como a postagem de imagens em GIF. A palavra-chave, para eles, é “utilidade”. Que algoritmos poderiam selecionar um conteúdo atraente e informativo para os usuários do site?
Não há uma solução rápida para o dilema do feed de notícias. Provavelmente serão implementados remendos e mudanças pequenas, enquanto o Facebook torce para que a balança não penda demais para nenhum dos dois lados. Mas podemos imaginar o futuro feed em termos do que ele com certeza não será. Segundo uma fonte, “Cox e Zuckerberg absolutamente não querem que o Facebook vire um Tumblr“.
Tradução de Rodrigo Neves, edição de Leticia Nunes. Informações de Mike Isaak [“Facebook Wants to Be a Newspaper. Facebook Users Have Their Own Ideas.”,All Things Digital, 10/11/13]
Fonte: Observatório da Imprensa