História: Jornal Tribuna do Norte completa 134 anos

Jornal Tribuna do Norte de Pindamonhangaba Completa 134 Anos

 

 

Publicada dia 8 de junho de 2016

Por Altair Fernandes Carvalho

Faltava um mês para a cidade de Pindamonhangaba completar os seus 177 anos de emancipação político-administrativa quando o jurista, político e poeta Dr. João Marcondes de Moura Romeiro, no dia 11 de junho de 1882, fundou o jornal Tribuna do Norte. Entre os jornais mais antigos do Brasil a TN ocupa a sexta posição, sendo que os outros cinco são todos de capitais (ver quadro nesta página). No Estado de São Paulo só perde em antiguidade para o Estadão (O Estado de São Paulo), fundado em 1875 com a denominação original de A Província de São Paulo (a partir da Proclamação da República, 15/11/1889, é que passou a ser denominado O Estado de São Paulo). No que diz respeito a jornais do interior, a Tribuna é líder absoluta em longevidade.

“O aparecimento de mais um lutador na vasta arena do jornalismo, onde agigantam-se debatem-se e decidem-se todas as questões que interessam à sociedade não constituirá por si só um acontecimento que mereça os aplausos do público; mas seguramente significa que há quem esteja disposto a servir o seu país, e servir com sacrifício”.

Trazendo na capa um editorial de apresentação do jornal à comunidade, iniciado pelo parágrafo acima, a Tribuna veio à luz na tipografia que a denominou, a Typographia Tribuna do Norte.

Athayde Marcondes, em seu livro Pindamonhangaba Através de Dois e Meio Séculos (Tipografia Paulista, São Paulo-SP, 1922), cita que no ano de 1902 ele, Athayde, “adquiriu por compra as oficinas do jornal Tribuna do Norte”. Na mesma obra consta que em 1914 a tipografia foi adquirida pelo dr. Claro César.

Em 1934, quando passou a ser órgão oficial do Partido Republicano Paulista – PRP, funcionava nos fundos do prédio do Clube Literário e Recreativo, que se localizava na avenida Fernando Prestes. No ano seguinte, em 1935, foi transferida para a rua Prudente de Moraes, esquina com a travessa Rui Barbosa, onde funcionou até fins de 1937. Até 21 de julho de 1942 pertenceu ao dr. Claro César, a partir dessa data seu proprietário passou a ser José Martiniano Vieira Ferraz. Após a morte de Martiniano, seu filho, Darcy Vieira Ferraz, tornou-se o responsável pelo jornal. Em 1948 foi arrendado pela União Democrática Nacional – UDN. Em 1955, pela Sociedade de Amigos de Pindamonhangaba.

Apesar dos arrendamentos, até junho de 1962 o jornal pertenceu a Darcy Vieira Ferraz, sendo então doado à Prefeitura. Pertencendo à Prefeitura, passou a circular como “Órgão Dedicado aos Interesses de Pindamonhangaba”, até que a Lei 1084, de 6/3/1969 – assinada pelo prefeito dr. Caio Gomes Figueiredo – o legalizou como Imprensa Oficial para divulgações de leis e atos administrativos.

De 18 de março de 1978 a 19 de setembro de 1980 foi composto pelo sistema offset (impresso na gráfica do jornal Valeparaibano, em São José dos Campos). A falta de condições financeiras fez com que o jornal voltasse a ser composto tipograficamente a partir da edição de 10 de outubro daquele ano.

 

Antiga Impressora Alauzet do Jornal Tribuna do Norte de Pindamonhangaba

Antiga Impressora Alauzet do Jornal Tribuna do Norte de Pindamonhangaba

 

 

Fundação Dr. João Romeiro

Em 1980, por intermédio da lei 1.672 de 6/5/1980, o prefeito de Pindamonhangaba, que na época era o dr. Geraldo Alckmin, criou a Fundação “Dr. João Romeiro” (denominação em homenagem ao fundador da Tribuna). Criada com personalidade jurídica de direito privado e destinada ao exercício de atividades jornalísticas, culturais e turísticas, esta Fundação surgia com propósito de manter o jornal.

A partir da criação desta entidade, Executivo e Legislativo municipais passaram a ter responsabilidades nos destinos da Tribuna do Norte, independentemente de partido ou posição política. O Executivo, de acordo com os estatutos da Fundação Dr. João Romeiro, além da subvenção anual, cede servidores municipais para completar o quadro de funcionários da Fundação. O Legislativo é responsável pelos atos relacionados à aprovação da verba anual destinada à mantenedora do jornal.

Seguindo em frente

Em abril de 1986 a Tribuna passou a funcionar na rua dos Bentos, 450, e experimentou sua primeira fase de jornal diário. Foi diário até dezembro de 1988, retornando à sua antiga condição de semanário em janeiro de 1989, permanecendo até março do mesmo ano, quando passou a ser bissemanário.

Desde sua fundação, em 1882, até o ano de 1981 (salvo o período de 1978 a 1980) foi composta tipo por tipo (letra por letra).

Quase 100 anos após sua fundação é que foi adquirida a primeira linotipo e a composição passou a ser a quente (chumbo). A impressão em máquina elétrica só ocorreu a partir de 1971, até então era feita à tração humana, numa “Alauzet” adquirida por um de seus proprietários, o dr. Claro César (esta impressora encontra-se no Museu Histórico e Pedagógico D. Pedro I e Dona Leopoldina, em Pindamonhangaba).

Em 1997, a partir da edição de n.º 6.788 deixou de ser composto pelo sistema a quente (chumbão), aderindo à informatização. Para isto, foi instalada rede de computadores com impressoras e scanners e programas para editoração eletrônica. O passo seguinte foi obter seu endereço eletrônico, e-mail tribuna@iconet.com.br. Prosseguindo sua caminhada secular lado a lado com a evolução, ingressou na internet, fato ocorrido em 2001.

A edição de nº 8.289, de terça-feira, 21 de janeiro de 2014, marcou o retorno do jornal à condição de diário. Na mesma administração municipal que em 1997 encerrou a fase ‘anos de chumbo’ do jornal, substituindo a composição a quente (linotipos) pela composição offset, a Tribuna do Norte retomou sua periodicidade de jornal diário.

Por que Tribuna

O tratamento no feminino – a Tribuna – explica-se pelo fato que no tempo de sua fundação, jornal era denominado “folha” e geralmente possuíam um só caderno. A origem da denominação “folha” surgiu em 1566, em Veneza, Itália, com a iniciativa do governo veneziano de publicar folhas manuscritas, as espalhando pelas ruas. Para lê-las, a população teria que pagar uma pequena quantia chamada “gazetta”. Foi a partir daí que a palavra gazeta (também feminina) passou a ser utilizada para denominar todas as folhas escritas, as publicações políticas, doutrinárias, literárias ou noticiosas.

Retornando ao tempo da fundação da Tribuna do Norte, temos a informação de que naquela época havia um processo tipográfico por intermédio do qual se determinava o formato (altura e largura) e o número de páginas de um periódico de acordo o número de dobras verificadas na folha de papel de impressão.

A folha sem ser dobrada (in plano) formava duas páginas; dobrada ao meio (in fólio) formava quatro páginas; dobrada duas vezes (in quarto) formava oito páginas etc.

A edição nº1 da Tribuna saiu com quatro páginas (in plano), formato 30x46cm, diagramada em cinco colunas, exceto a última página, destinada aos anúncios.

Semanário publicado aos domingos, a folha liberal, depois republicana, do Dr. João Romeiro surgiu com a missão de ser um manifesto, uma “tribuna”. Não o lugar elevado onde os oradores falam, mas antes o púlpito modesto destinado à prática do bom jornalismo.

Por que “do Norte”
O complemento “do Norte” foi atribuído porque Pindamonhangaba, localizada no médio Vale do Paraíba, estava incluída num antigo itinerário dos bandeirantes denominado “Caminho do Norte”, por localizar-se ao Norte da Província de São Paulo, ou seja, da cidade de São Paulo, o ponto de partida dos Bandeirantes rumo a Minas Gerais.

Fonte: Arquivo de exemplares antigos do jornal TN.

 

Os 10 mais antigos em circulação:

1º – DIÁRIO DE PERNAMBUCO – RECIFE/PE (07/11/1825)
2º – JORNAL DO COMMERCIO – RIO DE JANEIRO/RJ (01/10/1827)
3º – O MOSSOROENSE – MOSSORÓ/RN (17/10/1872) – Em 31 de dezembro de 2015, após 143 anos, dois meses e 15 dias em circulação deixou de circular em papel, mas continua online
4º – O ESTADO DE SÃO PAULO – SÃO PAULO/SP (04/01/1875)
5º – O FLUMINENSE – NITERÓI/RJ (08/05/1878)
6º – TRIBUNA DO NORTE – PINDAMONHANGABA/SP (11/06/1882)
7º – GAZETA DE ALEGRETE – ALEGRETE/RS (01/10/1882)
8º – DIÁRIO POPULAR – SÃO PAULO/SP (08/11/1884)
9º – O TAQUARYENSE – TAQUARI/RS (31/07/1887)
10º – DIÁRIO POPULAR – PELOTAS/RS (27/08/1891)

Fonte: http://jornaltribunadonorte.net/noticias/jornal-tribuna-do-norte-completa-134-anos/

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